CRONOLOGIA GERAL DE ACTIVIDADES (1988 – 2008)

1988

Teatro

Montagem de A Revolta da Casa dos Ídolos, de Pepetela (Angola), com direcção de José Mena Abrantes. Estreia em Luanda, Set/88. Participação no mesmo mês no II Encontro de Teatro Africano em Itália, com representações em Messina/Sicília, Roma, Nápoles e Torino.


1989

Teatro

Montagem de Os velhos não devem namorar, de Alfonso Castelao (Espanha), com direcção de José Mena Abrantes. Estreia em Luanda, Jul/89. Participação (extra-concurso) no I Festival Nacional de Teatro. Lobito e Benguela, Ag/89.

Representação de Há vagas para moças de fino trato (excerto), de Alcione Araújo (Brasil), com direcção de Murilo Eckhardt. Monólogo por Paula Passos. Luanda, Set/ 89.

Montagem das peças infantis A história da Carochinha e A história do Capuchinho Vermelho. Criação colectiva. Luanda, Dez/89.

Outros grupos:

Representação da peça de marionetas História do Avô Chicória, de António Gualdyno, pelo grupo português Lanterna Mágica. Luanda, Ag/89.

Representação de Kakila, de Correia Domingos ‘Lobão’ pelo grupo Makotes. Luanda, Out/89.

Cinema e audiovisual

Exibição do filme O ritmo do Ngola Ritmos, de António Ole. Luanda, Out/89.

Ciclo de Cinema Americano dos Anos 50, em colaboração com a Cinemateca Nacional. Luanda, Dez/89.


1990

Teatro

Montagem de A última viagem do Príncipe Perfeito, texto e direcção de José Mena Abrantes (Angola). Luanda, Abril 90.

Montagem de Pedro Andrade, a tartaruga e o gigante (contos populares são-tomenses). Versão teatral e direcção de José Mena Abrantes. Luanda, Abril 90.

Montagem de Foi assim que tudo aconteceu (estórias tchokwe), adaptação e direcção de José Mena Abrantes. Nov/90.

Outros grupos:

Jornada Teatral alusiva ao Dia Mundial do Teatro e ao Carnaval da Vitória, com os grupos Horizonte Nzinga Mbande (Fabiana), Experimental de Teatro (Kahitu), Oásis (A morte do velho Kipacaça), Ngoma (O aldrabão), Kudissanga kua Mukamba (Luta pelo poder). Organização: UNAC (Carlos Dias). Luanda, 27/3/90.

Dança

Montagem de A bailarina e o espírito, com Milú Rodrigues, sob direcção de Mª João Ganga. Luanda, Março 90.

Apresentação do grupo Raaende Vo, de Lena Josefson (Suécia).


1991

Teatro

Montagem de Foi assim que tudo aconteceu (contos tchokwe). Versão teatral e direcção de José Mena Abrantes. Luanda, Fev/91.

Montagem de Equus, de Peter Shaffer (Grã-Bretanha), com direcção de Mª João Ganga. Luanda, Fev/91.

Montagem de Visita ao Museu, de Jorge Leite Velho (Angola), com direcção de Mª João Ganga. Luanda, Fev/91.

Montagem de O suicidiota, texto e direcção de José Mena Abrantes. Luanda, Ag/91.

Outros grupos:

Oficina Cultural do Petro-Atlético de Luanda (cursos elementares e básicos de teatro, dança tradicional e moderna, ballet, música, artes plásticas, ginástica aeróbica e de manutenção). Luanda, Set/91.


1992

Teatro

Montagem de Nandyala ou a Tirania dos monstros, texto e direcção de José Mena Abrantes. Estreia em Luanda, em Maio. Representações no mesmo mês na EXPO-82 em Sevilha/Espanha e em Madrid, Jun/82.

Artes Plásticas

Exposição de Fernando Alvim, organizada pelo Sussuta Boé. Luanda, Jul/Ag/92.

Exposição de Ndunduma – ‘ritos, amores e as folhas brancas’. Luanda, Ag/92.

Livros

Lançamento de 10 Clássicos da União dos Escritores Angolanos (UEA). Luanda, Jul/92.

Lançamento de Lwini – crónica de um amor trágico, de Fernando Costa Andrade (FCA). Antes Rita Oliveira dançou Odes de FCA, lidas por Manuel Rui, sobre extractos de ‘As 4 estações’ de Vivaldi. Luanda, Ag/92.

Lançamento de Pátria, de Casimiro Alfredo. Luanda, Dez/92.


1993

Teatro

Montagem de Restos de lixo, texto e direcção de Mª João Ganga (Angola). Luanda, Julho 93. Participação, com produção autónoma, no XVIII FITEI, no Porto/Portugal e na I Mostra de Teatro da Língua Portuguesa, em Lisboa, em Jun/95.

Montagem de Sequeira, Luís Lopes ou O mulato dos prodígios, texto e direcção de José Mena Abrantes. Luanda, Set/93.

Outros grupos:

Implementação do Projecto Ulikanga (A brincar e de férias vamos fazer teatro), orientado por Maria João Gonot. Luanda, Set/93.

Proclamação da Associação Angolana de Teatro para a Infância e a Juventude (ASSATIJ). Luanda, Out/93.

Artes Plásticas

Exposição de Isabel Baptista – ‘Momentos’. Luanda, Abr/93.

Exposição de Tona – ’10 gravuras inéditas’, organizada pelo Salalé Cultural e a Cooperação Francesa. Luanda, Abr/93.

Exposição de António Ole – ‘O estado das coisas’. Inauguração do seu atelier no Elinga. Luanda, Jun/93

Exposição de Fernanda Correia. Luanda, Jul/93

Exposição de António Sallô-Sally. Luanda, Ag/Set/93.

Exposição de Franco Courten e Elisa Montessori (Itália) – ‘Com os antigos papéis’. Luanda, Nov/Dez/93.

Exposição fotográfica de Rui Tavares e do italiano Ricardo. Luanda, Nov93.

Exposição de Telmo Vaz Pereira – ‘Órbitas da Terra’. Luanda, Dez/93

Dança

Apresentação do Ballet Raízes de Angola (ex-Experimental de Dança), organizado pelo Salalé Cultural. Luanda, Abr/93.

Livros

Lançamento das peças Nandyala e O Mulato dos Prodígios, de José Mena Abrantes. Luanda, Maio93.

Lançamento do romance Talamungongo, de Filipe Correia de Sá. Luanda.

Música

‘Noite de farra’, com Gaby Moy e o agrupamento musical Zimbo. Luanda, Maio 93.


1994

Teatro

Outros grupos:

Organização do 1º Curso Básico de Artes Dramáticas, promovido pela ASSATIJ e orientado pelo Prof. Matan’Yadi Norberto. Luanda, Jan/94.

Representação de Humanidades, do Prof. Matan’Yadi Norberto, pelo grupo do INFAC. Luanda, Abril/04.
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Representação de várias peças curtas do grupo Memorial Sátira, dirigido por Kim Alves. Luanda, Março94.

Representação de Sanzala em chamas, pelo grupo Etu-Lene. Luanda, Maio94.
Representação de Sagrada Esperança, pelo Grupo Experimental de Teatro. Luanda.

Representação de Quem do outro veste, pelo grupo Makotes. Luanda.

Palestra de David Filho sobre ‘A dramaturgia e sua representação cénica’. Jun/94.

Artes Plásticas

Exposição de Mª João Amaro – ‘Aguarelas’. Luanda, Jan/94.

Exposição de Cartazes sobre Amadou Hampatê-Ba, com a Associação Angolana dos Amigos do Livro. Luanda, Fev94.

Mostra de Costa Andrade – ‘Este país é um rio nocturno’. Luanda, Abril/Maio 94

Exposição de António Ole – ‘Margem da zona limite’. Luanda, Nov/Dez/94.

Cinema e audiovisual

Curso básico de actores de cinema, organizado pelo Makotes. Luanda, Jun/94.

1995

Teatro

Montagem da peça O Pássaro e a Morte, texto e direcção de José Mena Abrantes. Estreia em Junho no XVIII FITEI, no Porto/Portugal. Participação na I Mostra de Teatro de Língua Portuguesa , em Lisboa/Portugal (Junho 95) e na I Estação (festival) da Cena Lusófona, em Maputo/Moçambique, em Dez/95.

Outros grupos:

Convívio cultural Caleidoscópio, alusivo ao encerramento das Jornadas Comemorativas do Dia Mundial do Teatro. Luanda, Março95.

Lançamento de um projecto denominado ‘Os jovens e a prevenção da SIDA’, iniciativa da ASSATIJ e da AALSIDA. Representação de Quando murcham as acácias, por um colectivo de actores de diferentes grupos da ASSATIJ. Luanda.

Representação de Nem todas as crianças são flores, pelo grupo Flores a Brincar. Luanda.

Artes Plásticas

Exposição de josé ZAN andrade – ‘entre as 2 e as 4’, organizada pela Galeria Humbiumbi. Luanda, Maio 95.

Exposição de António Tomás Ana (Tona) – ‘Geração abandonada’. Luanda, Ag/Set. 95.

Exposição de Kyel – ‘Abstracção’, organizada pela Humbiumbi. Luanda, Nov/95.
Exposição de Fernando Alvim – ‘A urgência da etnopsiquiatria’, organizada pelo Sussuta Boé. Luanda, Nov/95-Jan/96.

1996

Teatro

Organização de um Estágio de Actuação, promovido pela Cena Lusófona em colaboração com o Elinga-Teatro e dirigido pelo encenador Rogério de Carvalho, com a participação de 60 elementos de 12 grupos de teatro da capital (Assatij, Clandestinos, Elinga, Etu-Lene, GET do Mincult, Horizonte Nzinga Mbandi, Julú, Kapa-Kapa, Laai-Roi, Makotes, Nova Cena e Serpente). O exercício final consistiu na montagem de Mestre Tamoda, de Uanhenga Xitu, e de O Cemitério e O voo, de José Mena Abrantes. Luanda, ...

Apresentação da peça A órfã do Rei, de José Mena Abrantes, com a direcção de André Amaro (Brasil), estreada em Brasília, onde ganhou o IV Prémio Luiz Estêvão da Cultura 1996. Versão alterada em Angola, com a participação especial do elenco do Elinga-Teatro. Nov/96.

Participação da actriz Pulquéria Bastos (Elinga-Teatro) na peça A disputa, de Marivaux, dirigida pelo encenador João Perry no Teatro Nacional D. Maria II. Lisboa, Ag/Out/96.

Participação de José Mena Abrantes, na qualidade de membro do Conselho Geral Provisório da Cena Lusófona, na 2ª Estação da Cena Lusófona. Rio de Janeiro e Recife / Brasil, Dez/96.

Outros grupos:

Representação de Kolbe até à morte, pelo Colectivo Miragens Teatro. Luanda, Fev/96.

Representação de Os passos na areia, pelo grupo Lumière. Luanda, Jan/96.

Representação de Ukumbu, pelo grupo Etu-Lene. Luanda, Abr/96.

Representação de Infância marcada, pelo grupo Miragens. Luanda, Maio96.

Representação de Michornas de Chongoli, pelo grupo Oásis. Luanda, Maio96.

Representação do grupo Tujigenji. Luanda, Maio96.

Concurso de comédia, com a participação de vários grupos da capital (Makotes / Lumière / Miragem / Tujiguenji / Horizonte Nzinga Mbandi / Caminheiros / Kassequeles e Pérola Real, o vencedor), organizado pela ASSATIJ. Luanda, Jul-Out/96.

Representação de Uixana, pelo grupo Companheiros Alegres de Emaús. Luanda, Jul/96.

Representação de Leão ferido, pelo grupo Ntuasu Kwama. Luanda, Dez/96.

Representação de Aquele que clama pela paz, de Carlos Araújo, pelo grupo Beer-Laai-Roi. Luanda, Dez/96.

Artes Plásticas

Exposição de Higino Perea (Perú) – ‘Cores para uma nova vida’. Luanda, Jun/96.

Exposição de Francisco Van-Dúnem ‘Van’ – ‘Compondo, esvaziando o mundo’ (apresentação oficial das telas para a Bienal de S. Paulo). Luanda, Ag/96.

Mostra de Cartazes Polacos de Teatro e Cinema, com apoio da Embaixada da Polónia. Luanda, Nov/96.


1997

Teatro

Montagem da obra Sombriluz (Instantâneos de Poesia Angolana dos anos 50). Versão teatral e direcção de José Mena Abrantes. Maio 97.

Constituição do Núcleo Angolano da Cena Lusófona (com representantes dos grupos Elinga-Teatro, Etu-Lene, Oásise Horizonte Njinga Mbandi e do Ministério da Cultura). Luanda, Jun/97.

Montagem de Sequeira, Luís Lopes ou O Mulato dos Prodígios, de José Mena Abrantes, sob a direcção de Rogério de Carvalho, numa co-produção entre o Elinga-Teatro e a Cena Lusófona. Estreia na III Estação da Cena Lusófona, organizada em comum com o Festival Internacional de Teatro do Mindelo (Mindelact). Mindelo/Cabo Verde, Set/97.

Visita de estudo dos arquitectos portugueses José Bandeirinha e João Mendes Ribeiro, por iniciativa da Cena Lusófona e a convite do Elinga, para avaliação das necessidades e encargos referentes à recuperação do Cine-Teatro Nacional. Luanda, Nov/97.

Artes Plásticas

Colaboração na exposição ‘As Cores do Teatro’ (fotografias de Augusto Baptista sobre o teatro dos PALOP’s), na Associação 25 de Abril, em Luanda, integrada nas Jornadas ‘Cultura em Novembro’ do Ministério da Cultura. Luanda, Nov/97.


1998

Teatro

Digressão por Portugal (Coimbra, Évora, Braga e Lisboa), Jul/98, com a peça O Mulato dos Prodígios, de José Mena Abrantes, com a direcção de Rogério de Carvalho. Participação no Festival Internacional de Almada, Jul/98, e no Projecto ‘Navegar é preciso – Portugal/África/Brasil’, em S. Paulo, Set/98.

Participação dos actores e músicos Elíseo do Capitão (Elinga-Teatro) e Lucau Daniel (Ministério da Cultura) no Estágio Internacional de Actores Lusófonos (iniciativa conjunta Cena Lusófona, Inatel e Expo-98). Coimbra e Lisboa, Nov/97 – Set/98).

Estágio de encenação no exterior para Avelino Neto ‘Dikota’ (Grupos Elinga e Serpente), na Escola da Noite. Coimbra, Março-Jul/98. Montagem, sob sua direcção e com os estagiários da Escola da Noite, de A última viagem do Príncipe Perfeito, de José Mena Abrantes Assistente de direcção de José Caldas na peça A serpente, de Nelson Rodrigues.

Montagem da obra Os velhos não devem namorar, de Alfonso Castelao (Espanha), com a direcção de José Mena Abrantes. Primeira co-produção entre dois países africanos lusófonos, concretamente entre o Elinga-Teatro e o Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo. Mindelo/Cabo Verde, Ag-Set/98.

Montagem de Na Nzuá e Amirá ou de como o prodigioso filho de Na Kimanaueze se casou com a filha do Sol e da Lua, texto e direcção de José Mena Abrantes. Espectáculo inserido no Ciclo dos Projectos Multidisciplinares Lusófonos, realizado a convite da Unidade de Espectáculos da EXPO-98. Estreia em Lisboa, em Set/98.

Oficina de actuação teatral, sob a direcção dos actores portugueses Gustavo Sumpta e Paula Moura. Luanda, Nov/98.


1999

Teatro

Diploma de Mérito ao Elinga-Teatro, concedido pela Delegação Provincial de Luanda da Cultura, “pelo desempenho em prol do fomento, desenvolvimento e valorização do teatro em Luanda”. Luanda, Mar/99.

‘Workshop’ de Actuação para elementos de vários grupos de Luanda, dirigido em Março pelo alemão Stephan Stroux e o brasileiro Sebastião Milaré, no âmbito do projecto ‘Viagem ao Centro do Círculo – Brasil/Portugal/PALOP’, com vista à montagem da peça Quem come quem? (co-produção Companhia Teatral de Braga + Escola da Noite de Coimbra), estreada em Dez/99. Integraram o elenco os actores do Elinga: Amor de Fátima ‘Luzolo’ e Elíseo do Capitão.

Edição, no âmbito da cooperação com a Cena Lusófona, de dois volumes integrando 12 peças de José Mena Abrantes. Coimbra, Nov/99.

Montagem da peça Antígona, de Jean Anouilh (França), com adaptação e direcção de José Mena Abrantes. Participação (extra-programa) na IV Estação da Cena Lusófona em Coimbra e Braga, Dez/99.

Artes Plásticas

Exposição de António Ole – ‘O corpo da pintura’. Luanda, Jun/99.

2000

Teatro

Leitura encenada de Cangalanga, a doida dos Cahoios, de José Mena Abrantes (versão livre para teatro de O segredo da morta, de Antº Assis Júnior (Angola), com a coordenação de Pulquéria Bastos, Anacleta Pereira e Carlão Machado. Luanda, Jun/00.

Montagem de O (en)canto do desencanto (trilogia: Amesa ou a canção do desespero, O suicidiota e No outro lado do mar), texto e direcção de José Mena Abrantes, com excepção de Amesa, dirigida por Carlão Machado. Estreia no VI Mindelact. Mindelo/Cabo Verde, Set/00.

Participação de José Mena Abrantes no Festival Internacional de Teatro de Porto Alegre / Brasil, Set/00.

Outros grupos:

Representação de As bruxas de Salem, de Arthur Miller (EUA), pelo Grupo Ulikanga, sob a direcção de Mª João Ganga, com a participação de actores do Elinga. Luanda, Abr/00.

Gala de Teatro, organizada pelo grupo Mulemba wa Mwenho. Luanda, Ag/00.

Representação das peças infantis O fantasminha Pluft, de Ana Clara Machado (Brasil) e A Carochinha e o João Ratão, pelo grupo Ulikanga, dirigido por Mª João Ganga. Luanda, Dez/00.

Artes Plásticas

Exposição de Katya Rangel – ‘Exprevisões’, organizada pela Galeria Humbiumbi. Luanda, Jul/00.

Dança

‘Workshop’ sobre Expressão e Movimentos Corporais, organizado e dirigido por Mónica Anapaz, Rita Cayolla e Nelson Augusto. Luanda, Jan/00.

Apresentação de Excertos de Dança em Oficina de Bar, pela Dançarte – Companhia de Dança, sob direcção de Mónica Anapaz e Rita Cayolla. Luanda, Abr/00.

Livros

Lançamento de O gravador de ilusões, de José Mena Abrantes. Luanda, Maio00.






2001

Teatro

Montagem da performance de teatro e dança a partir de Olhos azuis, cabelos negros, de Marguerite Duras (França). Execução artística de Fabrizio dal Borgo (Itália), com apoio dos grupos Dançarte e Elinga-Teatro. Luanda, Jun/01.

Realização de um encontro entre actores do Elinga e de outros grupos de Luanda e Manuela Soeiro, directora do Teatro Avenida de Maputo e do grupo Mutumbela Gogo, de visita a Angola a convite da Embaixada da Noruega. Luanda, Abril01.

Outros grupos:

Projecto Contador de Histórias, dirigido por Orlando Sérgio. Luanda,

Artes Plásticas

Exposição de Domingos Barcas – ‘Ciclos do imaginário’ (pintura e gravura). Luanda, Nov/01.

Exposição de Zoe, numa co-produção Elinga / Hotel Fórum. Luanda.

Exposição de Yona e Jean Roch (França) – ‘Exponovelas’, organizada por ambos. Luanda,

Música

Agrupamento Arco-Íris.

Sessões de Hip-Hop. Luanda, 2001.

Gravação do ‘clip’ de Paulo Flores.

Show ‘Woman Voice’.

Show Rock-Reggae.

Concerto de música clássica do espanhol Marco Socias.


2002

Teatro

Montagem da adaptação para teatro da obra Quem me dera ser onda, de Manuel Rui, dirigida pelo português Cândido Ferreira, numa co-produção entre o Elinga-Teatro e a Caixindré - Produções Artísticas, no âmbito da Cena Lusófona. Estreia em Luanda, Dez/01. Participação no Festival Gravana + V Estação da Cena Lusófona, realizados em S. Tomé e Príncipe, Ag/02.
Organização do Estágio de Actuação para elementos de vários grupos de Luanda, orientado por Cândido Ferreira, Patrícia Abreu e Nicolas Brites. Dez/01 – Fev/02.

Outros grupos:

Representação da peça Henda e Ginga (adaptação de ‘Hansel und Gretel’, dos Irmãos Grimm), pelo grupo Era uma Vez, sob direcção da brasileira Luciana Fernandes e com a participação de actores do Elinga. Luanda, Dez/02.

Cinema e Audiovisual

Estágio de Iniciação à Linguagem Audio-visual (vídeo), em colaboração com o Centro Cultural Português, orientado por Ivo Ferreira. Luanda, Dez/01 – Fev/02.

Artes Plásticas

Exposição de Petter Hjelle (Noruega) – ‘Gindungo’- Mar/02.

Expo’PHOTOGráfica de Frank Maes (França) e Yonamine Amadeus – ‘Angola 100 limites’. Luanda, Ag/Set/02.

ArteModa (exposição+desfile), realização de Thó Simões e Marcela Marcos. Luanda, Nov/02.

Moda

Desfile de Moda do estilista Muambi Wasaki. Luanda, Nov/02.


2003
Teatro

Montagem da peça Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto (Brasil), com a direcção de José Mena Abrantes. Luanda, Fev/03.

Treino para Actor (Voz+Movimento) pelo actor luso-angolano Nuno Coelho. Luanda, Jun/03.

Estágio de Actuação ‘Mergulho no Teatro’, para elementos de vários grupos da capital, por iniciativa da marca angolana Z.E., dirigido pela francesa Brigitte Bentolila e pelo brasileiro Sérgio Menezes. Luanda, Jun/02.

Montagem da peça Woza Albert, de Percy Mtwa (África do Sul)., dirigida por Miguel Hurst. Co-produção entre o Elinga-Teatro e o Grupo Pau Preto. Luanda, Ag/03.

Representação em Luanda, por convite e organização do Elinga-Teatro e apoio da Cena Lusófona, das peças Do desassossego, de Fernando Pessoa, e O Bão Preto, de João Mota, ambas pelo grupo português Comuna – Teatro de Pesquisa. Luanda, Set/03.

Estágio de Actuação para elementos de vários grupos da capital, orientado pelos actores da Comuna: Carlos Paulo e Miguel Sermão. Luanda, Set/03.

Estágio Técnico (Luminotecnia), orientado pelos técnicos da Comuna, Abílio Apolinário e Mário Correia. Luanda, Set/03.

Estágio de Actuação no exterior para o actor do Virgílio António (Elinga-Teatro). Coimbra, Ag/Dez/03. Participação na peça O Horácio.

Montagem de Yerma, de Garcia Lorca, sob a direcção de José Mena Abrantes. Estreia em Luanda, Dez/03. Participação na VI Estação da Cena Lusófona. Coimbra, Dez/03.

Artes Plásticas

Atelier ao Vivo de Artes Plásticas (Grupo Nacionalistas). Luanda, Set/03.

Exposição de fotografias – ‘Positive Life’. Luanda, Nov/03.

Exposição de Ana Silva, intitulada ‘O olhar visto pelos artistas e pelas crianças’. Luanda, Dez/03.


2004

Teatro

Reposição em Luanda da peça Yerma, de Garcia Lorca, sob direcção de José Mena Abrantes. Abril 04.

Montagem de Dois perdidos numa noite suja, de Plínio Marcos (Brasil), numa co-produção Elinga + Projecto Dez/espero, dirigida por Carlão Machado. Luanda, Out/04.

Outros grupos:

Representação de Violência no género, pelo grupo Geração Eleita. Luanda, Mar/04.

Dança

Ensaios de Manésema (dança e percussão), com a direcção artística de Tomás Pinto (Franco). Luanda, Nov/04.

Artes Plásticas

Atelier de pintura de adultos e crianças, organizada pelo EXSEF. Luanda, Mar/04.






2005

Teatro

Montagem de Quantas madrugadas tem a noite, de Ondjaki, versão teatral de José Mena Abrantes dirigida por Myriam Xanfredo dos Reis. Co-produção entre a ONG ‘Quinto Sol’ e o Elinga. Luanda, Maio04.

Montagem de Casa da Boneca, de Henrik Ibsen (Noruega), com o apoio da Embaixada da Noruega. Estreia em Luanda, Jun/05.

Montagem de Na Nzuá e Amirá ou de como o prodigioso filho de Na Kimanaueze se casou com a filha do Sol e da Lua, texto e direcção de José Mena Abrantes. Nova versão, com estreia em Benevento/Itália, Out/05.

Livros

Lançamento de O teatro em Angola (2 volumes), de José Mena Abrantes, ed. Nzila. Luanda, Mar/05.


2006

Teatro

Outros grupos:

Representação de Cangalanga, a doida dos cahoios, de José Mena Abrantes, pela Companhia de Teatro da Lunda-Sul, dirigida por Carlão Machado. Luanda, Set/06.


2007

Teatro

Montagem de Kimpa Vita – a profetisa ardente, texto e direcção de José Mena Abrantes. Estreia em Luanda.

Música

Concerto de jazz pelo grupo norueguês Gumbo, dirigido por Kare Nymark. Convidados especiais: Dodó Miranda, Diabick e Sandra Cordeiro. Luanda, Maio07.

Concerto ‘Parceiros do Rock’, pelo grupo espanhol Negra Sam, os Neblina e os MPTY-HEAD, no quadro da I Semana Cultural de Espanha, organizada pela Embaixada de Espanha em Angola. Luanda, Out/07.


2008

O QUE É O ELINGA-TEATRO?





O grupo Elinga-Teatro (do umbundo ‘elinga’, que significa acção, iniciativa, exercício) foi criado no dia 21 de Maio de 1988. A sua existência inscreve-se, no entanto, numa linha de continuidade iniciada com o grupo Tchinganje (1975/76) e prosseguida com o Xilenga-Teatro (1977/80) e com o Grupo de Teatro da Faculdade de Medicina de Luanda (1984/87).

De comum entre todos, a presença do mesmo director artístico, a activa participação de um núcleo de actores que, sempre que necessário, se desdobraram em técnicos, administradores e produtores e, acima de tudo, um mesmo projecto de teatro, voltado para o resgate e promoção da cultura angolana a todos os níveis, incluindo um tratamento moderno dos seus valores tradicionais, e para a difusão de um repertório teatral universal.

De um propósito vincadamente interventivo do ponto de vista político, em que o teatro foi utilizado principalmente como instrumento de mobilização e consciencialização popular (Tchinganje), passou-se a uma etapa em que começou a ser dada ênfase a uma função expressiva mais elaborada (Xilenga e Grupo de Medicina), até à fase actual, em que a pesquisa de linguagens novas e a experimentação se tornaram dominantes (Elinga).

O que importa realçar é que entre os quatro grupos se acabou por criar uma continuidade temporal, estética e de conteúdo, que estabelece uma linha minimamente coerente de desenvolvimento teatral em Angola, durante um período de mais de 33 anos (Março 1975 a Maio 2008).

Em Junho de 1999, os integrantes do Elinga-Teatro constituíram formalmente a Associação Cultural Elinga-Teatro, uma associação sem fins lucrativos, que deu continuidade ao trabalho anterior, desenvolvido sempre em três vertentes principais:

1. A vertente teatral e de espectáculos, consubstanciada essencialmente no grupo Elinga e noutros grupos afins, de teatro e de dança, que com ele se relacionam;
2. A vertente de artes plásticas, consubstanciada numa galeria para exposições temporárias;
3. A vertente formativa e de divulgação, que envolve a organização regular de cursos, seminários, estágios e debates sobre matérias de interesse cultural e ainda a edição de obras relacionadas com a actividade da associação.
A associação sempre manteve e continua a manter as suas portas abertas, na medida das suas possibilidades de espaço e de tempo, a outras pessoas individuais ou colectivas que desejem promover espectáculos, debates, cursos de formação ou quaisquer outras actividades nas áreas artísticas que coincidem com o seu âmbito de actuação.

Deste modo coexistem no Elinga-Teatro, com total autonomia na definição e materialização dos seus objectivos e na gestão dos seus recursos (vinculando-se apenas à associação através de eventuais acordos ou parcerias, com vantagens recíprocas), as seguintes entidades:

1. Atelier de pintura de António Ole, desde 11/6/93.
2. Grupo Dançarte, desde 1999.
3. Grupo Abadá-Capoeira, desde ...
4. Grupo ...
5. Associação ...Cine, desde Janeiro 1988.

DEPOIMENTOS SOBRE O ELINGA-TEATRO


“O Elinga é um grupo de teatro resistente ao tempo e aos tempos post-independência, e que nem é uma companhia profissional, mas também não é um grupo amador. Em meu entender, é, significativamente, um grupo militante do teatro. Como necessidade vital”.

Manuel Rui, in prefácio à obra O teatro em Angola,
de José Mena Abrantes, Ed.Nzila, 2005

“O Elinga-Teatro é sem dúvida o mais importante e emblemático grupo de teatro angolano, tendo-se afirmado local e internacionalmente com o seu teatro de alta qualidade”.
João Branco, A Semana/Cabo Verde, 31/7/98

O Elinga foi fundado em 1988 pelo jornalista José Mena Abrantes, a voz avisada do teatro angolano e uma das suas forças mais dinâmicas, quer pelo incentivo que sempre emprestou a companhias e esforços de formação, quer pela atenção criativa na produção de textos dramatúrgicos que permitam uma escolha de temas nacionais. Rapidamente, o grupo revelou uma idoneidade no tratamento das questões cénicas que o alcandorou ao destaque que hoje em dia ninguém lhe recusa, especialmente após os êxitos conseguidos no II Festival de Teatro Africano, em Itália, na EXPO de Sevilha, no FITEI-95 e com a presença na I Estação da Cena Lusófona, em Maputo. Apesar das dificuldades decorrentes da situação angolana, o Elinga tem-se preocupado em traçar uma pesquisa experimental baseada em contactos internacionais e que demonstra atenção para com a história do país”.
António Loja Neves, Semanário Expresso/Portugal, 17/7/98

“A participação do grupo Elinga-Teatro (na EXPO 92 em Sevilha) permitiu reforçar o alto conceito em que o público tem tido os espectáculos angolanos e provar que o Elinga ocupa um espaço muito importante no mundo dos espectáculos em Angola”.

Ana Maria de Oliveira (então Ministra da Cultura),
Correio da Semana, 6/7/92




SOBRE AS PEÇAS REPRESENTADAS:


Com produção própria



A REVOLTA DA CASA DOS ÍDOLOS, de Pepetela (Angola)

“Quase sempre a melhor forma de servir um Autor é começar por questioná-lo. Questionar, no caso concreto de A Revolta da Casa dos Ídolos, de Pepetela, consistiu em desbastar sem contemplações o excesso de informação histórica contido nas falas dos personagens, amputando ou reduzindo diálogos repetitivos e reescrevendo ou reordenando cenas demasiado longas. Tudo isto é mais fácil de fazer quando o Autor já morreu... ou mora longe. Em relação ao Pepetela, comecei por lhe prometer que não tocava numa única vírgula do seu texto, mas depois, com os ensaios, a própria dinâmica da montagem impôs as alterações que foram sendo introduzidas. Quando foi disso informado, o Pepetela respirou fundo e ... acabou por me dar ‘luz verde’ total. Por sorte saíu logo a seguir de férias, o que significa que ele não tem nada a ver com o que depois aconteceu. Sem a sua compreensão, no entanto, a minha ‘traição’ à sua obra não teria sido tão fácil. Para compensar as mutilações no texto, introduzi do princípio ao fim da peça uma sequência de cenas simbólicas que, de algum modo, complementam, contrariam ou redimensionam a acção de carácter mais realista que é vista à luz dos projectores. Essas cenas, representadas na penumbra e em câmara lenta, inspiram-se, aliás, nalgumas das próprias sugestões cénicas feitas pelo Autor no livro.

Como referência para os espectadores menos atentos, citamos aqui o conteúdo (e significado) dessas cenas:

Procura do sol (destino próprio) / Chegada dos Portugueses / Início da escravização / Morte de Mpanzu-a-Nzinga / Sagração do Rei D. Afonso I / Protestos populares e sermão do Padre / Banho colectivo (vitalidade, sensualidade e liberdade do povo) / Violação do Povo pela Igreja / Lutas intestinas / Comício de Nanga / Casa dos Ídolos / Cerimónia de invocação dos espíritos / Bailado da Revolta / Morte de Nanga e massacre popular / Caminhada final (para o futuro, hoje)”.

José Mena Abrantes (jma), Nota sobre a adaptação, Jornal de Angola, 11/9/88

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“A peça de Pepetela, escrita em 1979, apenas foi encenada uma única vez, na República Popular de Moçambique. Ao montá-la entre nós, o Elinga pretendeu, entre outros objectivos, levar os autores nacionais a ver representadas as suas obras em palcos nacionais, por grupos e actores nacionais, como forma de os estimular a continuar a escrever para teatro e de tentar atrair outros criadores para essa fascinante actividade artística. (...) Todas as opiniões críticas publicadas nos jornais italianos, assim como as do público presente nas representações, foram em geral extremamente favoráveis, recusando-se muitos a acreditar que mais de 20 dos 30 actores em cena faziam a sua estreia absoluta em teatro, depois de um trabalho de apenas três meses”.
e.t., Jornal de Angola, 11 e 16/11/88
“A obra desenvolve-se com um ritmo ao mesmo tempo envolvente e intenso, merecendo toda a atenção pela sua inexaurível vitalidade, pela sua simbiose entre escritura e oralidade, pela sua singular potencialidade inovadora mesmo na dimensão de algum modo didáctica, pela suas potencialidades de espectáculo já maduro em termos de escrita cénica, de relações de tempo, espaço, palavra, música, som, enfim, pela sua extraordinária força vital, que nos conduz à profundidade perdida do teatro isabelino ou do teatro clássico”.

Claudio Gorlier, Itália, 1988

“A obra de Pepetela apresentada pelo Elinga Teatro é a primeira obra teatral produzida em Angola a ultrapassar as fronteiras daquele Estado atormentado por uma guerra que continuou até hoje a prolongar os horrores da opressão colonial. Trata-se de um acontecimento excepcional. A produção, fruto de muitos esforços e empenho, foi realizada de propósito para o nosso Encontro. (...) Com estilo brilhante e ágil, desenvolve-se uma trama que não conhece momentos de pausa e que prende os espectadores até ao fim, levando-os a identificaram-se com alguns personagens arquetípicos”.

Egi Volterrani, Programa do II Encontro de Teatro Africano em Itália, Set/88

“Agora sabe-se qualquer coisa também sobre o teatro angolano. (...) Ritmos de tambores e movimentos coreográficos são parte integrante da encenação de José Mena Abrantes e a dimensão coral da obra é garantida pela contínua presença em cena de todos os actores. (...) No plano dramatúrgico não existe apenas o contraste entre a cultura branca e a negra, mas também uma interessante dialéctica interna entre os próprios indígenas. (...) A obra é uma experiência significativa e, portanto, útil para não se ouvir falar de África apenas quando a Zâmbia vence a Itália em futebol”.

Franco Cícero, Gazzetta del Sud, Messina/Itália, 23/9/88

“A encenação de José Mena Abrantes é um exemplo de ‘teatro pobre’, que privilegia os motivos didácticos, já existentes na obra de Pepetela, e se deixa apreciar não tanto pelas partes recitadas, em língua portuguesa, mas antes pelas pantomimas que um numeroso grupo de actores angolanos soube exprimir”.

Gigi Giacobbe, Giornale de Sicilia/Itália, 23/9/88

“Hoje, com um amigo, falávamos do vosso sucesso aqui em Itália. Há ainda pessoas que recordam a vossa peça como a melhor apresentada na edição deste ano”.

Lorenzo Audisio, fotógrafo de cena. Torino/Itália, 14/12/88


“A mais importante manifestação da cultura angolana em Itália nos últimos tempos”.

Giuliano Soria, co-director da revista ‘Quaderni Ibero-americani’
e organizador do II Encontro de Teatro Africano em Itália. Torino, Set/88.


OS VELHOS NÃO DEVEM NAMORAR, de Alfonso Castelao (Espanha)


“Depois da estreia nacional da Revolta da Casa dos Ídolos, de Pepetela, obra que tanto do ponto de vista do conteúdo como da forma, impôs uma dura e trabalhosa tensão a todos os elementos do Elinga, o grupo sentiu necessidade de procurar uma obra mais ligeira e descontraída, capaz de criar já no próprio processo dos ensaios um clima de boa disposição geral. A escolha acabou por reacair na peça de Castelao Os velhos não devem namorar, obra que reunia os ingredientes necessários para, por um lado, o grupo testar a versatilidade histriónica dos seus actores e actrizes e, por outro, divertir-se e divertir o público com recurso à mais gratificante das componentes do humor – a inteligência. (...) Na adaptação, optou-se pela fidelidade ao original, embora situando a obra num espaço/tempo mais ou menos indefinido, o que teve pelo menos a vantagem de facilitar as soluções adoptadas a nível dos cenários, dos trajes e da música. Pareceu por outro lado que, dada a clareza das situações e caracteres da obra e a sua evidente afinidade com a nossa realidade, o próprio público poderá fazer, se assim o entender, as necessárias transposições para o universo físico e mental em que se move”.

e.t., Jornal de Angola, 16/7/89
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“Mais do que a óbvia (e muito contestável) moral da peça, que é a que está contida no seu próprio título, o que nos parece estar aqui em questão é a fragilidade da vida humana, a efemeridade das ilusões que ela cria e o duro peso das necessidades que impõe a seres desprotegidos, quer material quer sentimentalmente, que assim se vêem condenados a ser uma presa fácil de tudo o que os transcende, seja o destino, o dinheiro, o amor, a sociedade ou a morte. Interessou-me, por essa razão, conceber uma encenação na qual fosse possível desmascarar (literalmente) a manipulação que a personagem da Morte (aqui reforçada pelos seus ‘ajudantes’) parece exercer sobre o próprio desenrolar do espectáculo, ou seja, por outras palavras, interessou-me desmascarar, graças ao distanciamento que o riso favorece, a própria manipulação da Morte sobre a Vida”.

jma, Jornal de Angola, 16/7/89

“Uma peça bastante fascinante”.

António Sanchez Jara, Embaixador do Reino de Espanha
em Angola, Jornal de Angola, 22/7/89

“Foi sem dúvida o ponto mais alto do Mindelact: pela complexidade dos meios cénicos, pelo equilíbrio da cenografia, da sonoplastia, da encenação e pela multiplicidade de dons interpretativos postos ao serviço desta peça do escritor galego”.

João Vário/CV, sobre uma nova versão desta obra,
co-produção Elinga/Grupo de Teatro do CCP, Mindelact98





HÁ VAGAS PARA MOÇAS DE FINO TRATO (excerto), de Alcione Araújo (Brasil)


O excerto apresentado era um monólogo, representado pela actriz brasileira Paula Passos como forma de transmitir ao grupo Elinga, constituído exclusivamente por amadores, e ao público angolano, a dimensão de um verdadeiro trabalho profissional. Aquele que ela própria desenvolveu no seu país, sob a direcção de Murilo Eckhardt.

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“O interesse pelo homem brasileiro perpassa toda a exposição de Alcione Araújo, pois, se não soubermos onde ele está ou como se manifesta a sua sensibilidade, jamais poderemos compreender como ele se comporta, e estarão perdidos assim todos os indícios capazes de nos levar a uma identidade nacional, a uma dramaturgia que seja, para além das mordaças que a silenciam, a expressão da alma e da cultura brasileiras”.

Carlos Miranda

“Eu costumo entender o facto teatral, não uma peça e uma plateia. O facto teatral é o momento magnético que existe simultaneamente entre palco e plateia. É uma celebração: uma comunidade, reunida na penumbra, assiste à celebração da própria comunidade. Esse é o momento e ele não se repete, não se reproduz. As pessoas que estão ali participam dessa celebração e nunca mais. As de amanhã serão outras, e outra será a celebração porque são outras as pessoas”.

Alcione Araújo


AS HISTÓRIAS DA CAROCHINHA E DO CAPUCHINHO VERMELHO , peças infantis.

Estórias que são já património da Humanidade.



A ÚLTIMA VIAGEM DO PRÍNCIPE PERFEITO, de José Mena Abrantes (Angola)


Em 1974/75, o navio Príncipe Perfeito realizou a sua última viagem de passageiros de Lisboa para Luanda. As situações a que aludem os quatro exercícios dramáticos (A vigia/Oh, mar!/O clandestino/Do outro lado do mar) que compõem esta obra poderiam ter ocorrido nessa época. Na intimidade de cada um começava já a esboçar-se o fim agónico do Império que o rei D. João II, cognominado o ‘Príncipe Perfeito’, tão decisivamente ajudara a construir... A obra aborda as contradições e a prática num momento de grandes mutações sociais (A vigia/O clandestino) e os limites da vontade e da razão face à força dos sentimentos (Oh, mar!/Do outro lado do mar).



PEDRO ANDRADE, A TARTARUGA E O GIGANTE (contos populares são-tomenses)


Comédia despretensiosa, que funde vários contos populares de S. Tomé e Príncipe com provérbios e rifões locais, pondo em evidência algumas das características do imaginário e filosofia de vida do povo são-tomense.



FOI ASSIM QUE TUDO ACONTECEU, contos tchokwe (Angola)


“Hoje, no cine Karl Marx, há teatro e música de qualidade. É o espectáculo final das Jornadas Musalala, uma das boas sugestões para o serão deste Sábado. (...) A abrir, o grupo Elinga-Teatro vai apresentar três estórias tchokwe (Ndalakalitanga / O falcão e o cágado e Os sapos), encenadas a partir da antologia recolhida por José Redinha, as quais, segundo Mena Abrantes, são estórias sempre actuais e actuantes”.
Jornal de Angola, 24/11/90


EQUUS, de Peter Shaffer (Grã-Bretanha)


“Inspirando-se num caso autêntico e estranho, o autor conta a história de um rapaz de 17 anos que furou os olhos a seis cavalos, uma noite, numa cavalariça. A acção desenrola-se num hospital, onde um psiquiatra tenta desvendar este misterioso acto. (...) A encenadora, Mª João Gonot, apresentara já no ano passado um bailado de sua autoria. Equus é a sua primeira incursão no teatro”.

Jornal de Angola, 2/2/91
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“Um amigo meu leu-me a peça, quando estudava cinema em Paris, e fiquei fascinada. Desde essa altura que sonhava em montar esta peça em Angola. (...) Um dos aspectos que me levou a encenar o Equus foi exactamente a sua universalidade. É uma peça incrível porque trata do homem. Trata de todos nós. Não é verdade sequer que seja uma peça europeia. É, sim, uma peça do mundo, embora escrita por um autor inglês”.

Mª João Gonot, Jornal de Angola, 28/9/91



VISITA AO MUSEU, de Jorge Leite Velho (Angola)

“A peça proporciona momentos de bom humor e dá-nos a oportunidade de nos voltarmos a familiarizar com algumas ‘raridades’ (bens de consumo) do nosso quotidiano. Por precaução, o programa pede ‘moderação’ por parte dos espectadores. (...) Num momento em que vozes se erguem publicamente para deplorar a «maior crise de sempre» do nosso teatro, o grupo Elinga soma e segue no seu contatco regular com os espectadores, tendo me pouco mais de três anos de existência, apresentado já 11 obras de teatro, seis das quais de autores nacionais”.
Jornal de Angola, 18/8/91



O SUICIDIOTA, de José Mena Abrantes (Angola)


Esta peça nasceu de um exercício de improvisação e foi pela primeira vez levada à cena pelo grupo Elinga-Teatro, em Agosto de 1991, em Luanda, sob a direcção do autor.



NANDYALA OU A TIRANIA DOS MONSTROS, de José Mena Abrantes (Angola)


Nandyala ou a Tirania dos Monstros inspira-se num conto tradicional ‘nyaneka’ (Sudoeste de Angola), que fala da afirmação e aprendizagem de um jovem, único sobrevivente com a sua mãe de um massacre da sua aldeia perpetrado por ‘monstros’. Entre os Nyaneka-Nkumbi, o soba representa ou representava o centro religioso e governamental da ‘tribo’ ou parte da ‘tribo’ de que era o chefe. O seu carácter sagrado decorre da crença segundo a qual a alma dos antepassados o habitam, sobretudo os que deixaram boas recordações. Esses espíritos guiam o soba e protegem a ‘tribo’. O culto dos antepassados é, por isso, a forma de culto mais vulgar e natural, dado que se admite uma certa comunidade de existência entre vivos e mortos.

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“A razão da escolha de uma história tradicional como base de inspiração da peça é simples. Não é por acaso que uma história se perpetua e é transmitida oralmente de geração em geração, até chegar aos nossos dias. Isso acontece porque ela passa a constituir uma referência essencial para a visão do mundo de uma dada comunidade, neste caso a população ‘nyaneka’ do Sudoeste de Angola, logo de uma nação e de um povo. Eu li A Tirania dos Monstros numa antologia de 50 contos recolhidos por Carlos Estermann, pouco tempo depois de ter ocorrido o massacre de Cassinga, praticado pelos sul-africanos próximo da região onde o conto tem origem. Era incrível como este parecia ser uma reportagem jornalística do que ocorreu. Como, no entanto, só muito mais tarde escrevi a obra, houve entretanto uma elaboração interior e uma maturação que me levou à insinuação, que é afinal o essencial da peça, de que os verdadeiros ‘monstros’ nunca vêm do exterior, mas são sim gerados no nosso seio ou mesmo no interior de nós próprios”.

jma, Jornal de Angola, 21/5/93






RESTOS DE LIXO, de Mª João Ganga (Angola)


“A vagueação por desilusões, a decomposição de sonhos que nunca passaram de ilusões, seguem-se numa sequência de confrontos e de realidades brutais, irrisórias ou fúteis. As mulheres já se tornaram contentores de fodas ou simples contentores de memórias de amor prontas para o funeral, os homens – pedaços de seres com próteses de fantasmas e de garrafas de alcool, enquanto à criança ainda resta o barulho circular do arco metálico que nunca chegará a dar a volta ao mundo. A acumulação desta decomposição da sociedade humana, tornou-o ‘louco’, ou, este ‘louco’, personagem central inevitável, urbana, representa em si uma presença que já pode visionar, olhar sem precisar de ver? Um personagem, um homem, que ainda do seu habitat de restos de lixo, podridão material, cria o sonho que felizmente para a normalidade em curso, deixará a sua marca na realidade graças à coerência do equívoco”.

Do programa da obra na I Mostra de Teatro de Língua Portuguesa, Lisboa, Jun/95

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“O objectivo (de representar Restos de Lixo ao ar livre) foi dar à obra um cenário natural, numa aproximação ‘in extremis’ entre o teatro e o cinema. (...) Quando trabalho ao ar livre tenho a sensação que já pude ter, a maravilhosa sensação de estar a filmar. Penso também que ao criar esta peça não criava cenas nem actos, mas sim planos de cinema. (...) Houve pessoas, e mesmo actores, que sentiram que havia na obra uma abordagem estética e um movimento e uma sequência muito ligados ao cinema”.

Maria João Ganga, Correio da Semana, 14/11/93

“A estreia angolana de Restos de Lixo data de 1993 e ocorreu ainda no seio do Elinga. A principal responsável pelo espectáculo saiu entretanto do grupo e Restos de Lixo tornou-se uma produção autónoma. Trata-se de um desfile de monólogos, repassado de lirismo, com a marca evidente da mão feminina que o moldou. A morte paira sobre as figuras arrancadas ao real angolano (o mutilado, a prostituta, o louco), mas o humor e a esperança impõem-se no discurso paródico da oradora política, da boneca, do menino que faz rodar o arco. A excelente ‘performance’ de todos os actores – e, nomeadamente, do pequeno Nagazaki Paixão – é um bom prenúncio para o futuro da nova campanhia de Maria João Gonot (que dá pelo nome de Integrada)”.

Manuel João Gomes, Público/Portugal, 13/6/95


SEQUEIRA, LUÍS LOPES ou O MULATO DOS PRODÍGIOS, de José Mena Abrantes (Angola)


Peça histórico-fantasista sobre Luís Lopes de Sequeira, um oficial mestiço do século XVII que, ao serviço dos portugueses, destruiu pelas armas os três principais reinos de Angola que então se opunham à penetração colonial – Congo (1665), Ndongo (1671) e Matamba (1681). A obra investiga em especial as razões que poderão ter determinado a sua morte em combate.
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“Chama a atenção do espectador a forma como o autor maneja o factor tempo, tanto o tempo histórico como o tempo presente, os quais, não sendo separados, também não são um todo sequencial. (...) Esta forma de tratamento do tempo, com sérias influências na estrutura da trama, (...) constitui uma verdadeira revolução no domínio teatral que rompe com a estrutura clássica, geralmente dominada pelo ponto de vista de quem, numa perspectiva histórica, num outro ambiente psicológico e com todas as influências envolventes, examina os feitos do passado com os olhos do presente. (...) Nessa perspectiva, a dramática vida de Luís Lopes dá-nos as pistas em que evolucionou o próprio conceito de Nação angolana”.

Arlindo Isabel (Jornal de Angola, 5/12/93)

“Os angolanos do Elinga-Teatro receberam os aplausos pela estreia da nova versão de O Mulato dos Prodígios, um texto de Mena Abrantes com encenação de Rogério de Carvalho (autor de alguns dos mais interessantes trabalhos portugueses dos últimos tempos), que pouco tem a ver com a prática dos grupos dos PALOP, em razão da contenção nos gestos, da coreografia, do desenho de luzes, tudo o que destaca as nuances do texto. (...) As questões levantadas pela obra são logo respondidas à Pirandelo, tudo numa mescla entre realidade e fantástico, com referência às guerras coloniais do século XVII”.

Fernando Madaíl, Diário de Notícias/Portugal, 22/9/97

“Voltou-se felizmente ao positivo com Sequeira, Luís Lopes ou O mulato dos prodígios, de José Mena Abrantes, pelo grupo Elinga-Teatro de Luanda, com encenação de Rogério de Carvalho. Foi a notícia de um autor angolano e do teatro que se vai podendo fazer em Angola, ou, pelo menos, em Luanda. Texto com temática angolana do século XVII, interessantíssima, seguindo modelos europeus, na sua modelagem, de que Pirandelo não está ausente. Espectáculo fluente, agradável, aqui ou além com toques amadorísticos na representação, especialmente no respeitante a gestos... mas, insista-se, algo muito agradável”.

Fernando Midões, Diário de Notícias/Portugal, 19/7/98

“Como numa outra obra do autor, Ana, Zé e os escravos, o recontar da história angolana – desta vez direccionado a análise do processo de construção/desconstrução da figura do herói, discutindo os processos de mitificação/mistificação dos ‘factos’ e personagens históricos – assume-se como impulso inicial do drama. (...) O drama se faz no fazer-se. A existência de dois planos paralelos: o plano dos actores transformados, no jogo ficcional, em autores da peça (texto e encenação), ‘criando’ e discutindo a acção representada e mostrando, assim, as dificuldades e situações cómicas tão comuns no processo de criação colectiva em teatro e o plano das personagens, representando a ‘peça criada’, transformam Sequeira, Luís Lopes em metadrama/metateatro. (...) No plano das personagens ‘históricas’ tudo é possível. Vão aparecer em cena a pedra mágica, os homens alados – talvez demónios, talvez seres espaciais - a Virgem e cometas, resultando numa mistura de elementos díspares, responsáveis pelo humor quer permeia todo o texto. Ao final, sem uma conclusão, há a junção dos dois planos, resultando numa solução inusitada que reafirma a magia do teatro”.
António Barreto Hildebrando, Rio de Janeiro, 1997
“O esquema proposto pelo texto de Mena Abrantes revela um domínio seguro do teatro narrativo, o qual, por seu lado, se mostra perfeitamente adaptado ao grupo de actores e às inúmeras personagens que todos têm de interpretar. Mais do que contar uma estória, a peça é uma discussão entre os actores sobre os pontos obscuros da biografia do ‘herói’, sobre as suas contradições, os conflitos com que se terá debatido, a sua morte (ou suicídio?) mal explicada pelos documentos e – pormenor importante – sobre as inúmeras lendas fantásticas relacionadas com o ‘Mulato dos Prodígios’ e com a sua vida heróica. Lendas onde as aparições da Virgem Maria e a dos homens alados da mitologia local dão as mãos com a finalidade de dar ao mito uma sólida caução sobrenatural. (...) A encenação de Rogério de Carvalho criou um dispositivo simples, anti-espectacular, destinado a movimentar o grupo de ‘performers’ que, em muitos casos, são participantes de um ‘talk-show’ animadíssimo e tão rigorosamente ensaiado que o público adere, momento a momento, aos avanços e recuos da narrativa e à minuciosa reconstrução da figura do ‘herói’. (...) Diante deste grupo de actores e do trabalho exemplar desenvolvido nesta produção, não custa a crer que o teatro angolano terá futuro, quando o Teatro Elinga tiver as condições mínimas de estabilidade no trabalho (e quando o próprio país souber delinear um destino menos incerto para os que habitam Angola)”.

Manuel João Gomes, Público/Portugal, 16/7/98


O PÁSSARO E A MORTE, de José Mena Abrantes (Angola)


Tríptico teatral, composto pelas peças O contentor, O suicidiota e Vala comum. Estas três peças podem ser representadas independentemente umas das outras. Não há nada a ligá-las, a não ser a sua curta duração e a presença de um pássaro negro que, de algum modo, pode simbolizar a morte. Ou talvez haja mais do que parece...

O Contentor inspira-se num ‘fait-divers’ publicado na imprensa portuguesa em Maio de 1989. Três africanos, chegados clandestinamente a Lisboa por via marítima, foram encarcerados por ordem do comandante do navio num contentor durante cinco dias, suportando temperaturas que variaram entre os 60 graus centígrados, de dia, e alguns graus abaixo de zero, à noite. Interrogados, disseram chamar-se George Washington, de origem jamaicana, John Mwyein, nascido na Tanzânia, e Peter Biko, sul-africano ou namibiano. Não tinham documentos. Na peça retém-se apenas a situação central – o encarceramento no contentor – e os prováveis nomes e origem dos intervenientes. Tudo o resto é pura ficção.

O Suicidiota nasceu de um exercício de improvisação e põe em cena um candidato a suicida, que se vê confrontado com fantasmas do seu passado e com pessoas reais, que o estimulam ora a saltar ora a desistir da ideia.

Vala Comum recria de modo irreal e mágico o resultado dos confrontos nas ruas de Luanda na “guerra dos três dias” (Outubro 1992). Uma mãe procura desesperadamente, em companhia de um amigo, o cadáver do filho, morto acidentalmente numa troca de tiros entre dois grupos armados rivais. O próprio filho orienta as buscas para a descoberta do seu corpo numa vala comum. A obra é dedicada à memória do Bill Veríssimo e do Santos Cardoso.
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“Uma proposta cénica que nos honra como angolanos”.

Mesquita Lemos, Jornal de Angola, 6/6/95

“Depois do desempenho do Elinga, o teatro produzido em países de língua oficial portuguesa passou a suscitar o interesse do público no festival (XVIII FITEI). É opinião de alguns críticos que o teatro angolano tem registado uma evolução dinâmica nos últimos tempos, marcada, segundo eles, por uma nova forma de assumir a estética e o fenómeno teatral”.

Ambrósio Clemente, Jornal de Angola, 9/6/95

“Trata-se de um espectáculo que revela determinada experiência no campo do teatro, assim como fortes e terríveis vivências humanas, embora fossem evidentes algumas fragilidades, no que se refere à dramaturgia, como a montagem desnecessariamente complicada. No entanto, um esforço e uma intenção a ter em conta”.

Carlos Porto, Jornal de Letras/Portugal, 21/6/95

“Escrito e encenado por Mena Abrantes, o espectáculo consta de três peças breves, três olhares sobre a morte – e morte é o que mais se tem visto em Angola nos últimos 30 anos. O ‘sketch’ mais directamente relacionado com o real angolano é o Vala comum, um drama tão enraízado no quotidiano quanto universal. A mãe que procura recuperar na vala comum o cadáver do filho é um ‘mythos’, recorrente em Homero, em Sófocles... As almas penadas que lhe disputam o cadáver são as sucessoras angolanas das Eríneas e o duplo do morto que fala com a mãe podia ser uma personagem do teatro Nô. Mas quem viu os actores angolanos encarnar todas estas figuras de pesadelo percebeu a autenticidade visceralmente africana deste encontro entre mortos, vivos, mortos-vivos, semi-vivos e semi-mortos. O humor absurdo de O suicidiota (o quase monólogo do suicida que hesita em suicidar-se) e o desespero de O contentor (o ‘huis clos’ sartriano transferido para o drama dos africanos clandestinos, encerrados num contentor, no porto de Lisboa) são duas provas indubitáveis da destreza e energia com que Mena Abrantes recria teatralmente o absurdo de um mundo entregue à vertigem da morte”.

Manuel João Gomes, Público/Portugal, 7/6/95

“De todos os teatros dos PALOP, o que teve presença mais apagada em anteriores edições do FITEI foi o de Angola. Óbvio é colocar, entre as possíveis justificações de tal facto, a situação de guerra feroz em que o país tem vivido. Hoje, felizmente, parece chegada a hora de a mesma guerra despertar a veia teatral dos homens e mulheres do teatro angolano. Foi isso que ficou demonstrado em O Pássaro e a Morte, o tríptico teatral do Elinga. Escrito e encenado por José Mena Abrantes, o tríptico – Vala comum/O suicidiota/O contentor – é um manifesto contra a morte, um espectáculo quase macabro, não obstante o humor negríssimo do segundo painel. Quem for hoje à Malaposta terá a surpresa de encontrar um autor hábil, actores em grande forma e um grupo independente que, em sete anos e quinze espectáculos, conquistou em Luanda um prestígio considerável”.
Manuel João Gomes, Público/Portugal, 13/6/95
SOMBRILUZ – INSTANTÂNEOS DE POESIA ANGOLANA DOS ANOS 50


Dramatização de cenas contidas em poemas de Agostinho Neto (Adeus à hora da largada), Alda Lara (Momento, Círculo e Rumo), Alexandre Dáskalos (Carta), António Cardoso (Oferta), António Jacinto (Monangamba e Poema da alienação), Luandino Vieira (Canção para Luanda), Mário António (Morro da Maianga, Canto de farra e Donas de outro tempo)e Viriato da Cruz (Makèzu, Sô Santo e Namoro).

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“Poesia, plástica e teatro, didactismo, vigor e simplicidade estiveram na base do exercício do dramaturgo. Humor, amor e tragicidade circulavam de uma cena a outra, num espectáculo-antologia, em que a memória da poesia lida e vivida, algures e numa outra altura pelos espectadores, é levada ao cenário com uma estética de encenação actual. (...) A movimentação dos actores em palco, a modelação vocal e a naturalidade com que foram assumidas as situações e a ‘declamação’ dos textos poéticos, o trabalho musical, assim como a simplicidade com que o cenário mudava de ‘formato’, cor e luz, deram ao espectáculo coerência e frescura”.

Adriano Mixinge, Jornal de Angola, 4/6/97


NA NZUÁ E AMIRÁ OU DE COMO O PRODIGIOSO FILHO DE NA KIMANAUEZE SE CASOU COM A FILHA DO SOL E DA LUA, de José Mena Abrantes (Angola)


Esta peça inspira-se em duas narrativas tradicionais da área cultural kimbundo, nomeadamente Na Nzuá dia Kimanaueze e O filho de Kimanaueze e a filha do Sol e da Lua, recolhidas em fins do século XIX pelo missionário suiço Héli Chatelain e divulgadas pela primeira vez na obra ‘Folk Tales of Angola’, publicada em 1894 nos EUA em edição bilingue (kimbundo-inglês). Ela também se apoia em dois contos da República dos Camarões que com elas têm afinidades temáticas, nomeadamente ‘Le roi et ses quatre enfants’ e ‘Comment Samba épousa la fille du Soleil et de la Lune’, citados por J.M.Awouma na sua obra ‘Contes et fables: étude et compréhension (éd. Clé, Yaoundé, 1979).

A obra retrata a afirmação social de um jovem, Na Nzuá, confrontado desde o seu nascimento com uma ordem social autoritária e discriminatória (simbolizada por seu pai, Na Kimanaueze), à qual se acrescentam interditos culturais (o contacto com a água, neste caso) impostos pela tradição (aqui representada pela ‘kyanda’).

Pela forma como encara e supera os desafios do real à sua volta, agindo sempre segundo valores que podem ser considerados universais (a inteligência, a coragem pessoal, o respeito pelos outros, a sensatez e o sentido de justiça); pelo conhecimento que tem da Natureza (acerca do ‘carácter’ de cada animal ou do curso do Sol, por exemplo) e ainda pelo seu inconformismo e ambição (o desejo de só casar com a filha do Sol e da Lua), Na Nzuá consegue ir além da tradição e do ‘statuo-quo’ e instaurar, com recurso ao maravilhoso e ao saber acumulado pelos antepassados (a rã, o anel e o entrançado de ervas), uma nova ordem social (a ilha no mar), concretizando assim uma utopia fundada na solidariedade e no amor.

jma
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“Um ritual de iniciação que é também uma metáfora da luta pelo reconhecimento social”.
Ariel de Bigault, Afrique en Scènes, Jun/98

“Prefiro voltar à EXPO-98 para recuperar do esquecimento um espectáculo que o merece. Trata-se de Na Nzuá e Amirá, versão teatral, dramaturgia e encenação de José Mena Abrantes, pelo grupo Elinga, de Angola. Apresentado numa escadaria do espaço da EXPO-98, conseguindo apagar os ruídos próximos, este espectáculo tinha como ponto de partida quatro histórias tradicionais de Angola e dos Camarões, histórias que nos contam a paixão entre Na Nzuá e Amirá, filha do Sol e da Lua, a paixão e os dramas que provoca. O espectáculo vive muito e bem da graciosidade e rigor dos seus e das suas intérpretes, da qualidade da música e do desenho coreográfico. Além disso, torna teatralmente verosímil o que há de fantástico na lenda que nos é contada, operando certeiramente na forma como se concretiza nesses elementos diversificados que o constituem. Torna-se por isso uma criação multiforme que se acompanha com muito interesse e também com alguma emoção”.

Carlos Porto, Jornal de Letras/Portugal, 4/11/98



ANTÍGONA, de Jean Anouilh (França)


Esta peça foi escrita pelo dramaturgo francês a partir da tragédia original de Sófocles (Grécia, séc. V a.C.) e reflecte o secular conflito entre as razões do Indivíduo e as razões do Estado, num contexto de guerra civil. Cremos não ser preciso dizer mais nada para se ter uma ideia da brutal actualidade desta obra no ano em que foi feita em Angola. Produzida pela primeira vez em 1943, na Paris ocupada pelos nazis, Antígona levantou então muita controvérsia com o seu estudo das lealdades pessoais em conflito com a autoridade. Alguns críticos quiseram ver igualmente na obra uma reflexão de Anouilh sobre o próprio trabalho do actor. Antígona, com efeito, tem um ‘papel’ a desempenhar que inevitavelmente, aconteça o que acontecer, a tem de conduzir a um fim antecipadamente conhecido.

Como diria o dramaturgo alemão Heiner Muller: “Ninguém se lembra de reflectir sobre a tragédia grega, onde o optimismo se manifesta na capacidade de suportar o medo. Onde não se fecham os olhos perante o que assusta. Eis a força dessa cultura: não fechar os olhos, não tornar tabú o que não é compreensível, nem justificável, o que não tem solução. Antes mencionar as questões fundamentais, as passagens de fronteira, como verdadeiro princípio vital no teatro”.

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“Uma ironia cruel da guerra (esquecida) em Angola”
L.P., Diário das Beiras, 29/11/99
CANGALANGA, A DOIDA DOS CAHOIOS, de José Mena Abrantes (Angola)


É a versão dramática de um conhecido romance angolano de costumes, publicado no início dos anos 40 do século XX, intitulado O Segredo da Morta, de António Assis Júnior. A obra permite explorar o contraste entre uma realidade muito prosaica e uma atmosfera enigmática em que se diluem as fronteiras entre o sonho e a realidade, entre este mundo e um ‘Além’ não menos concreto, confronto esse que subiste hoje com toda a sua intensidade no quadro mental do angolano médio.

Advertência do autor de O Segredo da Morta:

“... Tirada a parte puramente literária, no fundo nada acrescentei: impressas ficaram as frases, até as próprias palavras dos figurantes, como também não omiti os nomes dos que nesta história intervieram, circunstância que, decerto, constituirá novidade de peso no nosso acanhado meio, onde pouco se lê, pouco se pensa e pouco se aprende. Penso, porém, que, constituindo esse trabalho um meio de vulgarização do que o indígena tem de mais puro e são na sua vida, eu não devia resistir à revelação do facto que ele encerra, por constituir um forte apoio para a formação da história das coisas, ainda mal conhecidas, e das pessoas que, com poder e merecimento, nasceram, passaram e viveram nesta terra...”.

António de Assis Júnior, Gabela/Amboim, 1929

Advertência do autor da adaptação:

“Alguns dos ‘figurantes’ desta peça mantêm os nomes e grande parte das frases que lhes emprestou Assis Júnior. Muitos dos que intervinham no livro desapareceram, pura e simplesmente (bem dizia um deles que «esta é uma terra de feitiços»...). Por ser necessário dar unidade à acção dramática, resumiram-se situações, fundiram-se personagens, trocaram-se e inventaram-se diálogos, condensaram-se conflitos, enfim, ‘arrumou-se’ tudo de uma outra maneira... Que se perdoe a ousadia, cujo único propósito é apoiar «a formação da história das coisas, ainda mal conhecidas, e das pessoas que, com poder e merecimento, nasceram, passaram e viveram nesta terra... (.) onde pouco se lê, pouco se pensa e pouco se aprende»”.

jma, Luanda, 26/11/87


O (EN)CANTO DO DESENCANTO, de José Mena Abrantes (Angola)



Tríptico que reúne Amesa ou a Canção do desespero, O Suicidiota e Do outro lado do mar. Amesa é um monólogo para duas actrizes, no qual se revela a dualidade da condição humana e a oscilação entre o optimismo e o pessismismo no processo que levou da luta de libertação anti-colonial ao conturbado período imediatamente anterior e posterior à independência de Angola. O Suicidiota, baseado num exercício de improvisação, trata da hesitação de um candidato a suicida. Do outro lado do mar explora os limites da razão face à força dos sentimentos e emoções.
MORTE E VIDA SEVERINA, de João Cabral de Melo Neto (Brasil)


O poema de João Cabral de Melo Neto que está na base deste espectáculo foi o que maior projecção internacional ganhou, graças à célebre montagem teatral feita em 1966 pelo Teatro da Universidade de S. Paulo (TUCA), com direcção de Silnei Siqueira e Roberto Freire e música de Chico Buarque da Holanda, que viria a vencer nesse mesmo ano o Festival Internacional de Teatro de Nancy, em França.

Depois disso, vários foram os grupos tentados pela grande beleza e ritmo do seu texto, a sua intensa mensagem de vida e a genial composição dos seus temas musicais, entre os quais se inclui o mundialmente famoso ‘Funeral do Lavrador’.

Nesta versão do Elinga-Teatro, procurou-se uma síntese expressiva em termos espacio-temporais, sem grandes individualizações nem referências concretas ao Nordeste brasileiro, onde se desenrola a acção original, procurando-se assim uma visão mais universal do homem perante a vida e a morte, tema central da obra.

Foi, aliás, o seu primeiro encenador, Roberto Freire, a reconhecer explicitamente que “o drama do homem nordestino é aqui o símbolo da condição humana dos seres que habitam o mundo subdesenvolvido, na busca activa da libertação”. Para ele, a cena poderia assim “desenrolar-se em qualquer outra região da África, da Ásia ou da América Latina, cujos problemas de sobrevivência e existência são semelhantes, pois é o homem em si próprio nas suas relações com os outros, situados frente à natureza, que importa realçar como fundamental”.

Numa montagem realizada há menos de dois anos no Rio de Janeiro, também o director Luiz Fernando, da Companhia Ensaio Aberto, justificou a sua opção por essa obra fundamental do chamado ‘teatro engajado’, dizendo que ela tem actualmente uma leitura mais ampla: “Hoje a migração é ainda mais globalizada. São 130 milhões de pessoas em diversas regiões. O poema conta a história dessa humanidade em trânsito”.
No nosso caso particular, Morte e Vida severina pode igualmente ser vista como uma alusão dolorosa aos dramas e ilusões de todos aqueles que, no seu próprio país, são forçados por razões da mais diversa natureza a ir em busca de maior segurança e de melhores condições de vida. O retirante nordestino da peça transforma-se assim num qualquer dos nossos quatro milhões de deslocados.
jma



YERMA, de Garcia Lorca (Espanha)


Durante cinco anos, Yerma procura que o seu marido lhe dê um filho. Para isso vai esperar, lutar, desesperar-se, recriminar, enchendo-se pouco a pouco de ódio e de silêncio. A revolta contra a causa – directa ou indirecta – do seu fracasso existencial leva-a a destruir aquela que é a única possibilidade de realização do seu sonho. Yerma, a estéril ou infecundada, não abdica da sua honra e assume-se como instrumento trágico do seu próprio destino, enquanto à sua volta se canta e dança com um rito à fertilidade.

*

“Mais do que a questão da esterilidade feminina ou da maternidade frustrada, o que está superiormente expresso em termos poéticos e simbólicos em Yerma é a tragédia de todos os que não conseguem realizar a sua plenitude vital ou que vêm estiolar o seu potencial criativo, em razão da ignorância, do preconceito, da repressão ou das forças desencontradas do destino”.

jma



CASA DA BONECA, de Henrik Ibsen (Noruega)


É difícil definir uma estreia absoluta em literatura, porque tem de ser algo inteiramente revolucionário, algo que nunca tenha sido feito antes. Duas dessas ‘estreias absolutas’ incluem o primeiro romance moderno, Madame Bovary, de Flaubert, e aquela que tem sido considerada a primeira peça moderna, Casa da Boneca, de Ibsen. Em relação a esta última, é importante compreender que ao mesmo tempo que rompeu com várias convenções que vigoraram durante séculos, a peça também sofreu influência de outras obras do passado. Entre estas, por coincidência, outra ‘estreia absoluta’ se impõe, aquela que os historiadores consideram como uma das primeiras peças de teatro jamais escritas: Antígona, de Sófocles (séc. V a.C.).

O tema da obra mantém toda a sua actualidade e tem sido objecto de discussão ao longo dos anos, um pouco por toda a parte. Cada nova geração tem uma maneira diferente de interpretar o texto, desde a crítica feminista até à alegoria da evolução histórica do espírito humano, segundo o filósofo Hegel. Só isso revela a riqueza da obra. E como já escreveu um crítico: “A porta que bate no final da peça continua a ser um dos sons mais memoráveis da História do Teatro”.

O Elinga-Teatro orgulha-se de ser o primeiro grupo a apresentar em Angola esta obra fundadora do teatro moderno, que tanta influência exerceu sobre toda a dramaturgia do século XX. A encenação desta peça dá sequência a duas outras peças levadas à cena pelo Elinga nestes últimos tempos (Antígona, de Jean Anouilh, e Yerma, de Garcia Lorca). Em todas elas é a mulher a figura central, conquistando com valentia, coerência e dignidade o lugar que lhe cabe por justiça numa sociedade que continua a ser, como já Ibsen o reconhecia em fins do século XIX, “uma sociedade exclusivamente masculina, com leis concebidas por homens e com um sistema judicial que julga a conduta feminina de um ponto de vista masculino”.









Co-produções


A ÓRFÃ DO REI, de José Mena Abrantes (Angola)


É um monólogo que reflecte a situação desesperada de tantas jovens órfãs criadas em asilos reais em Portugal, na primeira metade do século XVII, a quem eram concedidos um dote e um marido já colocado em África ou no Brasil, a fim de garantirem com a sua presença a continuidade da raça branca nessas paragens.

Estreada no Brasil, com direcção de André Amaro e interpretação de Paula Passos, e apresentada em várias cidades brasileiras, em Angola, em França e em Portugal, a peça foi considerada “o melhor espectáculo do ano” em Brasília (1996) e ganhou quatro prémios no Festival de Monólogos de Teresina/Brasil, entre os quais o de Melhor Espectáculo e Melhor Actriz.

Em Angola foi apresentada uma versão adaptada pelo próprio director, que incluiu a participação especial de um coro constituído pelo elenco do Elinga-Teatro.

*

“Obra premiada pelo belo texto, a sensível interpretação de Paula Passos, pela direcção de André Amaro e pela cuidadosa harmonização de todos os elementos cénicos do espectáculo”.

Acta do júri do IV Prémio Luis Estevão de Cultura, Brasília, 9/12/96

“Existem espectáculos que escondem uma cuidadosa elaboração por trás da aparente simplicidade que é levada ao palco. É o caso de A órfã do Rei, peça escrita pelo angolano José Mena Abrantes sobre o drama das jovens brancas e órfãs que, no século 17, eram obrigadas a casar com os funcionários da coroa portuguesa em Angola. O texto da peça, em forma de carta, poderia facilmente soar artificial quando transformado em teatro. Este obstáculo foi facilmente contornado pelo director, que colocou Paula Passos num cenário onde objectos do cotidiano ganham novos sentidos pela forma como são manipulados pela actriz. Um simples vaso indica os dramas uterinos da personagem. Os sons e movimentos da vassoura podem sugerir o fluir das ondas do mar. As emoções nascem dos jogos de gestos e palavras, enquanto as imagens se multiplicam em cena. O texto exige grande capacidade de conduzir a imaginação do público através do olhar, o que a actriz explora com sensibilidade numa interpretação onde confluem delírio, dor e revolta, desespero e esperança”.

Marcos Savini, Correio Braziliense, 3/11/96

“O monólogo estabelece um diálogo entre as duas margens do oceano, entre duas personagens, entre duas épocas, entre duas culturas, e leva-nos a perceber que cada um de nós, seja de que nacionalidade e/ou raça for, também podemos ser órfãos, ser indivíduos solitários, dentro de celas ou naus, violentados por qualquer êxtase: religioso, político ou cultural”.
Adriano Mixinge, Jornal de Angola, 22/11/96
“A Órfã do Rei reúne todas as qualidades de grande espectáculo. O texto de José Mena Abrantes, profundo e literário, favorece a criação de momentos de alta dramaticidade. A montagem de André Amaro, económica em gestos e elementos cénicos, permite à Paula Passos explorar todos os recursos de que dispõe. (...) Parecia que o espectáculo queria romper as paredes e ganhar a superquadra, voando para rumos infinitos. De uma maneira geral, as soluções encontradas por Amaro terminam por saciar os apetites do trabalho por mais espaço. Ao final, o espectador sente-se saciado e gratificado pela beleza da montagem, que ganhou um brilho ainda maior na sala Alberto Nepomuceno”.

Pedro Paulo Resende, Revista Classe A, nº 59- Jan/97, Brasília



TARDE DE VERÃO


Peformance de teatro-dança e instalação de imagens a partir de ‘Yeux bleus cheveux noirs’ de Marguerite Duras. A obra aborda em profundidade a relação da autora com Yann Andréa, que viveu ao seu lado os últimos 16 anos da sua existência. (...) É a história deste amor que a feliz confluência em Luanda de um músico italiano, de duas bailarinas da Dançarte e de quatro actores e actrizes do Elinga e de mais alguns criadores italianos e angolanos permitiu trazer a público.

Do programa, Jun/01

*

“Esperamos que abram os vossos sentidos a um amor tão intenso como aquele que aqui, hoje, se dá a ver e se desnuda”.

jma, Jornal de Angola, 22/6/01



QUEM ME DERA SER ONDA, de Manuel Rui (Angola)


“A remontagem para os palcos de Quem me dera ser onda, novela de 1982 que constitui o maior sucesso do angolano Manuel Rui Monteiro e um marco da literatura angolana contemporânea pós-Independência, com mais de cem mil exemplares vendidos até à data em todo o mundo, foi o mote para a última missão da Cena Lusófona em Angola. Cândido Ferreira, depois de uma primeira adaptação teatral da obra em Portugal e com um elenco português, voltou a agarrar o texto de Rui Monteiro, desta feita em Angola e com actores angolanos. (...) Na principal cidade angolana, esta co-produção entre a produtora Caixindré, o Elinga-Teatro e o projecto Contador de Histórias, teve uma carreira fulgurante, mantendo sempre lotações esgotadas”.

Cena Aberta, Coimbra, 2002

“A novela de Manuel Rui já é um clássico da literatura angolana e continua a seguir o seu percurso universal. Por falta minha só há pouco mais de um ano a conheci por mão amiga (a Ana). Não hesitei em ‘descobrir’ que dava peça de teatro, assim como filme. É que se trata de poesia muito especial, é obra de arte contemporânea, daquela que eu gosto, que vive dos nossos eternos problemas nos dias de hoje e que atropela o quotidiano. Como já não sou caloiro nisto, lancei-me sem medo, com o entusiasmo de uma criança, até porque a obra a elas lhes dá o protagonismo. Independentemente do sucesso que a obra vier a ter, juro-vos que valeu a pena”.

Cândido Ferreira, encenador, sobre a montagem da obra em Portugal.
Lisboa, Out/01

“Se fosse possível avaliar uma acção com as características daquela que levámos a cabo em Luanda sob a tutela da Caixindré, com o apoio da Cena Lusófona, não podíamos fugir ao excelente. Pelos resultados artísticos e pelas consequências sociais e humanas. Uma coisa fica por avaliar: os reflexos futuros das acções de formação, embora estejamos todos muito optimistas. E foi maravilhoso devolver aquela gente e aquele público uma das suas mais belas obras, que fala do passado recente e até do presente, sempre vivido com raiva, com angústia, com miséria, mas também com muito amor, alegria e alguma esperança. A meu ver, a capacidade técnica e polivalente da equipa, a sua juventude e generosidade foram factores determinantes para o sucesso desta acção”.

Cândido Ferreira, encenador, sobre a montagem da obra em Angola.
Luanda, 2002



WOZA ALBERT (LEVANTA-TE, ALBERT), de Percy Mtwa (África do Sul)


Dois homens contam, numa série de cenas curtas e mudando constantemente de identidade, os dramas e as misérias do seu dia a dia, na África do Sul do ‘apartheid’, em fins da década de 70. Paralelamente desenrola-se uma outra história sobre um boato que circula... Jesus Cristo estaria de volta. Voltara num voo directo de Jerusalém, num Jumbo-jet especial. Porquê? Por quê precisamente ali, na África do Sul? As pessoas dizem-lhe: pára, foge. No final, prescindindo de todos os milagres, os personagens compreendem que só podem contar consigo próprios.

Na sua estreia na África do Sul, esta peça tornou-se imediatamente um importante acontecimento teatral, tanto para brancos como para negros. Como explica Duma Ndlovu, a popularidade de Woza Albert deve-se não só ao facto de ter nascido nos subúrbios negros, mas também de fundir a contestação política com o ritmo esfuziante, a energia e a musicalidade das clássicas comédias musicais dos anos 50/60, usando apenas dois actores.






DOIS PERDIDOS NUMA NOITE SUJA, de Plínio Marcos (Brasil)


“Sátira que retrata a insensibilidade das pessoas que tapam os olhos e os ouvidos diante dos que precisam de ajuda para trabalhar e para dar resposta às indispensáveis necessidades vitais”

Jornal de Angola, 5/10/04

“Plínio Marcos irrompe na dramaturgia brasileira com uma verdade e uma violência que de súbito deslocam os valores sobre os quais repousavam nossas experiências realistas. Dois perdidos numa noite suja (o texto) já provocara esse impacto, desnudando o comportamento de dois indivíduos que se dilaceram numa strindberguiana ‘luta de cérebros’, até à destruição”.

Sábato Magaldi. Brasil



QUANTAS MADRUGADAS TEM A NOITE, de Ondjaki (Angola)


Adaptação do romance homónimo de Ondjaki, feita por José Mena Abrantes. Co-produção ONG Quinto Sol e Elinga-Teatro, com direcção de Myriam Xanfredo dos Reis.

*

“O texto foi escolhido pela crítica latente que nele está contida. Ele retrata a Luanda actual, brinca com situações relacionadas com a sociedade, a política, o ‘modus vivendi’. E também porque é de um jovem escritor. (...) Os artistas mais jovens devem ser ajudados porque lutam, muitos deles, contra sistemas viciados”.

Myriam Xanfredo dos Reis, Espaço África, Jan/Fev/05

“Este espectáculo mostra-nos, numa linguagem extremamente coloquial, a Luanda dos nossos dias, onde o português é reinventado a toda a hora, onde o impossível acontece mesmo, onde a pura estória é realidade”.

Jornal de Angola, 22/2/05

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